- Autor: Veronica Roth
- Editora: Rocco
- Nº de Páginas: 480
- Edição: 1
- Ano: 2017
- Título Original: Carve The Mark
- Tradutor: Petê Rissati
Avaliação: 7,0
Num planeta em guerra, numa galáxia em que quase todos os seres estão conectados por uma energia misteriosa chamada “a corrente” e cada pessoa possui um dom que lhe confere poderes e limitações, Cyra Noavek e Akos Kereseth são dois jovens de origens distintas cujos destinos se cruzam de forma decisiva. Obrigados a lidar com o ódio entre suas nações, seus preconceitos e visões de mundo, eles podem ser a salvação ou a ruína não só um do outro, mas de toda uma galáxia.
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Vamos começar falando sobre como esse livro é chato…
Sim, foi um choque pra mim também, apesar de depois eu ter mentalmente chutado minha canela depois por isso. Eu evito ler logo livros ultramegasuperesperados justamente por isso, as chances de me desapontar são enormes e meu coraçãozinho já sofreu decepções literárias o suficiente por uma vida. Mas a blogueira ouviu o próprio conselho? Nãããããão. Bem feito pra blogueira.
Não me levem a mal, eu respeito muito a Veronica! Tive um caso de amor com Divergente do momento em que coloquei minhas mãos nele até o virar da última página. E assim foi com Insurgente e até tolerei o fim de Convergente, mas sempre gostei muito do que lia dela. Isso explica o duro golpe que sofri.
Na primeira parte do livro temos muitas cenas e ainda assim NADA ACONTECE. É frustrante e desanimador, porque eu não tinha vontade de pegar ele pra ler, acabar logo com a tortura e partir pra outra! O pior é que a Veronica não aproveitou esse grande vácuo pra explicar a sociedade extremamente complexa onde somos jogados. Fiquei tempo demais me sentindo muito burra por não estar entendendo nada! Culpando minha falta de interesse, mas voltei e reli boa parte do começo procurando respostas, procurando alguma coisa, e nada! São muitos planetas, muitas culturas, muitos termos diferentes, e normalmente eu amaria tudo isso, mas faltou uma mãozinha amiga ali pra esclarecer o leitor. Eventualmente você se acostuma (ou desiste) e incorpora todas as novidades, mas só depois de metade do livro e o final da sua paciência.
Não tinha uma alma pra dizer: “Veronica, é muita informação, filha! Vamos explicar melhor essa loucura toda?”
Dica: tem um glossário no fim do livro. Depois de tudo que passei, quase mastiguei aquelas páginas de pura raiva.
Mas não quero ser injusta. Depois da metade as coisas melhoraram, tanto que o final foi digno da Roth genial que conhecemos!
E os personagens são impecáveis. Mais uma vez temos uma mocinha meio atormentada, mas que não se desculpa por ser um “prego enferrujado”. A diferença é que o mocinho não é nenhum Quatro. Akos é sensível e acredita que as coisas podem ser melhores, que as pessoas podem se redescobrir mais gentis. Quando Akos e Cyra se vem presos um ao outro, essa sensibilidade faz toda a diferença.
Gostei da parte onde os poderes não são os protagonistas na história. Quero dizer, eles tem muita importância sim, alguns personagens se definem por eles. Porém, diferentemente da maioria dos livros com gente cheia dospoder, aqui todo mundo tem um dom, seja um bem dahora, até um bem inútil. E as pessoas no topo das cadeias de poder estão lá por serem as mais espertas e maquinadoras, não por terem os melhores poderes… isso muda tudo! Gente, temos um vislumbre de um soldado figurante (sério, é um figurante, não tem nem meia linha escrita sobre esse personagem) que solta FOGO PELAS MÃOS e ele morreu igual uma mosca. Tipo, a Veronica samba na cara de todos aqueles livros nas nossas estantes com gente que chega até na realeza por ter poderes especiais!
Crave a Marca está longe de ser o que eu esperava ou gostaria. Mas seu final compensa boa parte do tédio que foi o começo, e o que não compensa nós conseguimos lidar. Ele acabou no embalo de grandes revelações e com certeza deixou um gostinho de quero mais…acho que serei obrigada a ler a continuação, ainda tenho fé na Veronica. Apesar de não confiar muito nela depois do final de Convergente.
P.S.: Pra me sentir menos obtusa procurei na internet e descobri que MUITA gente ficou boiando com a construção do universo de Crave a Marca. Ufa.